Parem as Máquinas!

Deriva

Eu falo muito por aqui que temos que ter controle da própria vida, que temos que andar com velocidade em direção aos objetivos, que não devemos ficar parados ou engessados em cima de problemas, enfim, uma infinidade de coisas desse tipo. Mas há um momento em que devemos parar tudo. Se fossemos comandante de um navio – espero que não o Titanic – seria como se déssemos a ordem: Parem as máquinas!

Já escrevi sobre escolhas, nem me lembro onde, mas a verdade é que esse assunto é inesgotável. Não há um só momento em nossas vidas que escolhas não devam ser feitas. E como algumas delas são difíceis…

Há o momento de acelerar e o momento de brecar, de parar tudo e reavaliar o que se está fazendo para fazer os famosos ajustes de rota. Normalmente paramos as máquinas e fazemos essas avaliações no final do ano ou perto do aniversário, mas a verdade é que quase todo mundo avalia, corrige no “papel” e não coloca em prática. Por que?

Bom, no meu caso é excesso de preocupações que vão se acumulando e chega uma hora em que me permito, erradamente, ficar à deriva. Muitos se vêem com o piloto automático ligado, fazendo as coisas e cumprindo a rotina sem se dar conta do que fazem.

Cada um age de um modo, ou melhor, cada um vive a seu modo o que não quer dizer que se está agindo. Não sei ao certo se poderia afirmar algo como… ficar parado é um tipo de ação, mas deixemos as discussões filosóficas de lado por um instante.

Eu parei, recentemente resolvi dar um tempo, tentar desligar as máquinas e avaliar tudo o que estava e estou fazendo. Como sou hiperativo – desde criança – sempre fui do tipo que faz várias coisas ao mesmo tempo, mas sem a pretensão de afirmar que faço bem a todas elas. Não posso ser hipócrita comigo mesmo e nem com meus leitores, é fato que algumas dessas coisas saem completamente “tortas”.

Mas nessas horas de parada de máquinas, meu objetivo maior é colocar tudo em ordem, principalmente os pensamentos e idéias. Se eu não fizer um plano de ação, entro na rotina de me envolver com dezenas de coisas e volto a dizer, algumas delas sairão uma porcaria.

Isso é necessário para nós, seres dotados de certa inteligência, parar, reavaliar, pensar e só depois agir. O único problema é tempo para desligar tudo. Não só tempo, como uma boa dose de capacidade de executar essa missão. Por conta do dia a dia e das preocupações com a sobrevivência, nossas mentes bombardeiam coisas o tempo todo em nosso caminho. É assim que me sinto de vez em quando, sendo bombardeado por pensamentos irregulares, por aflições cabidas ou descabidas, enfim, é como se estivesse à mercê da correnteza no meio de uma batalha naval. Ora, todo mundo sabe que um alvo parado é bem mais fácil de ser atingido.

Assim sendo, o que tento fazer é me esconder em um “porto seguro” longe do ataque inimigo, lembrando que o maior inimigo que temos somos nós mesmos e é justamente por isso é que não é nada fácil, pois ninguém consegue se esconder de si mesmo, não é?

No momento eu estou tentando avaliar o que é necessário, o que quero realmente fazer e como vou achar a melhor maneira de executar essa manobra. Se continuasse como estava nas últimas semanas, chegaria a lugar algum e, assim como você, quero chegar a algum lugar. A primeira meta é achar o “onde”, a segunda é descobrir “como”. Uma vez que isso fique claro, ligo os motores novamente e saio dessa turbulência que no mar, chama-se tempestade.

No meu caso especifico, é uma tempestade de idéias, de pensamentos nebulosos, de ações desorientadas… No fundo acho que é assim para todo mundo.

Dar uma parada está sendo muito bom. Mas desligar tudo não pode durar muito porque a “vida lá fora” não espera. Disse uma vez que se ficarmos inertes a vida nos atropela. E isso é uma daquelas verdades absolutas.

MM